O hedonismo é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que
afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana. Surgiu na Grécia, e seu mais
célebre representante foi Aristipo de Cirene. O hedonismo filosófico
moderno (utilitarismo) procura fundamentar-se numa concepção mais ampla de
prazer entendida como felicidade para o maior número de pessoas.
- Hedonismo filosófico
O hedonismo é muito confundido com o epicurismo, apesar de
eles possuírem divergências claras. O epicurismo surge através de Epicuro, que, levando em conta o hedonismo que o antecede, irá, segundo suas concepções,
aperfeiçoá-lo, salientando que o prazer deverá ser regido pela razão, o que
resulta em moderação.
- Antiguidade
Aristipo de Cirene (ca. 435-335 a.C.), contemporâneo de
Sócrates, é considerado o fundador do hedonismo filosófico. Ele distinguia dois
estados da alma humana: o prazer (movimento suave do amor) e a dor (movimento
áspero do amor). Segundo ele, o prazer, independentemente da sua origem, tem
sempre a mesma qualidade e o único caminho para a felicidade é a busca do
prazer e a diminuição da dor. Ele afirma inclusive que o prazer corpóreo é o
próprio sentido da vida. Outros defensores do hedonismo clássico foram Teodoro
de Cirene e Hegesias de Cirene.
É importante notar que o hedonismo cirenaico diferencia-se
do hedonismo epicurista, sobretudo no que diz respeito à avaliação moral do
prazer. Enquanto a escola cirenaica preceitua que o prazer é sempre um bem em
si e que será melhor quanto mais tempo durar e quanto mais intenso for, a
filosofia epicurista determina que o prazer, para ser um bem, precisa de moderação.
- A Idade Moderna
Julien Offray de La Mettrie, iluminista francês, atualizou o
hedonismo e seu discípulo, Donatien Alphonse François de Sade, radicalizou-o,
transformando-o em amoralismo, transformando o ideal de "serenidade"
em "frieza" diante de outras pessoas.
Posteriormente, as teses hedonistas foram retomadas pelos
autores utilitaristas Jeremy Bentham e Henry Sidgwick. Este último autor
distingue entre hedonismo psicológico e hedonismo ético: hedonismo psicológico
é a pressuposição antropológica de que o ser humano sempre procura aumentar o
seu prazer e diminuir seu sofrimento e que, assim, a busca do prazer é a única
força motivadora da ação humana; já hedonismo ético é uma teoria normativa que
afirma que os homens devem ver o prazer (os bens materiais) como o mais
importante em suas vidas.
Aqui, diferenciam-se o egoísmo hedonista, no qual o
indivíduo busca somente o seu próprio bem, e o hedonismo utilitarismo, que busca o bem de todos ("a maior felicidade
para o maior número de pessoas é a base da moral e das leis"). É a ideia
de que é possível a realização do máximo de utilidade com o mínimo de
restrições pessoais, numa perspectiva que reduz o direito a uma simples moral
do útil coletivo. Libertando-se deste critério quantitativo da aritmética dos
prazeres, Stuart Mill assume o critério da qualidade e formula a lei do
interesse pessoal ou princípio hedonístico: cada indivíduo procura o bem e a
riqueza e evita o mal e a miséria. Desta forma, a moral do interesse individual
de Bentham aproxima-se de uma moral altruísta ou social. Atualmente, as teses hedonistas são defendidas por filósofos
como o francês Michel Onfray.
Wikipédia